A espera esperou o tempo,
mas o tempo não teve tempo para esperar.
E o tempo, meio sem tempo,
correu atrás de sua espera.
E a espera, sempre paciente,
pediu um tempo ao tempo,
para poder melhor pensar.
Mas, o tempo não quis esperar
e foi ao encontro da espera,
sem esperar o tempo certo de chegar.
A espera, sabendo que o tempo
era muito tempestuoso,
pediu-lhe que esperasse
um pouco mais de tempo.
O tempo, ansioso
não agüentava mais esperar
a hora da espera chegar.
Correndo contra o tempo,
o tempo se fez presente,
na espera da espera chegar.
Quando o tempo passou
E a espera chegou,
o tempo, que tinha
todo o tempo do mundo,
ficou calado, mudo.
E a espera, que também
há muito tempo esperava,
no tempo certo, deu-lhe a deixa,
esperando o tempo falar.
E o tempo, da mudez à tagarelice,
o tempo todo se encantou.
E o tempo, que não tinha tempo,
para esperar pela espera,
esperou o tempo certo
pra dizer que por muito tempo
esperava por ela.
E a espera, sapiente que é,
como quase toda mulher,
esperou passar o tempo,
para poder dizer ao tempo,
que por muito tempo,
ela também esperou.
Autor: BERNARDINO C. F. MOTA
FLORIANÓPOLIS, SC - BRASIL
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